Público e revista

Somente agora consegui a nova edição da revista SET. Depois de ser ameaçada de cancelamento, a publicação voltou em junho com uma nova equipe editorial. Prometeram dar mais espaço ao cinema nacional. Publicaram na seção de cartas respostas no orkut sobre o que os leitores esperavam da nova SET. A mais interessante foi de um leitor dizendo que apenas desejava que a revista voltasse a ser séria, não apenas um conglomerado de nerds comentando suas adaptações de hq favoritas. Tem razão. Gosto muito de filmes e quadrinhos, mas muitas vezes sentia na revista menos crítica e mais histeria. Exatamente como em alguns sites de entretenimento e cultura pop.

Vi muitas reclamações no orkut. Por que leriam uma coluna sobre financiamento de filmes nacionais ou sobre o sucesso de comédias da Globo Filmes, como Se Eu Fosse Você 2 e Divã? Queriam matérias descontraídas sobre Transformers 2 ou Wolverine. Um leitor foi sensato: disse que sobre arrasa-quarteirões ele buscava notícias na internet; por quase 10 reais ele queria material diferente do olhar de "animador de torcida" frequente em blogs e certos sites. E era bastante incômodo ver as mesmas matérias da SET tanto no site como nas páginas da revista.

Lembrou a postura do Digestivo Cultural ao dizer que os jornais (papel) estão chegando ao fim. O jornalismo impresso retrocedendo diante do virtual. Com a internet, todo mundo pode divulgar notícias. Internet nunca exigiu diploma... Jornalismo e crítica de cinema, ainda lembrando da revista SET: parecem demonstrar não exigirem qualquer conhecimento especial, só assistir a bastante filmes e escrever razoavelmente bem. Quase parece fácil, pra ser sincero. Basta querer, se arriscar e ter alguma sorte. E, claro, demonstrar competência. Se possível.

Dito isto, bom ver a SET e suas mudanças, ainda que poucas. Por mais que seja divertido (às vezes), uma hora cansa o cheiro de "babação de ovo" para blockbusters, especialmente adaptações de quadrinhos. Se ficar mais exigente significa ser mais chato, paciência. Pelo menos com revistas e jornais. Na internet vale o gosto de cada um. E espero que o site da revista volte melhor, sem ser mera cópia digital do papel. Mas o impresso também deve melhorar. Lembrar que a tradução de Closer aqui ficou Perto Demais, não Mais Perto. Não exagerar em listas top 10 (foram duas nesta edição). Evitar construções como "a ajuda não veio na forma de um soldado do futuro. E, sim, como um Cavaleiro das Trevas" ao se referir ao ator Christian Bale ou "diretor de Dogville toca o terror no Festival de Cannes" para falar do polêmico O Anticristo, de Lars Von Trier. Tentar ser jovial não significa se expressar tão ridiculamente. E lembrar que qualquer revista, antes de ter fãs, precisa ter leitores.

Um comentário:

Ariana Luz disse...

Nossa,eu endosso.
Era super fã da revista SET, mas o preço foi subindo dolorosamente p meu bolso, e já não lia mais crítica[achava que só eu tinha notado] apenas empolgações com filmes ianques,ai já viu, né?

flores.

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