Década como pretexto

O site Rotten Tomatoes, referência na avaliação crítica de filmes e também conhecido por suas listas, fez sua seleção dos 100 piores filmes da década. Os anos 2000. Ainda é estranho dizer isso. Mas é o tempo, afinal. Este período de tempo entre 2000 e 2009, tão marcante para pessoas da minha idade, na era dos vinte e tantos anos. Soa esquisito, mas não necessariamente ruim. Algo sempre vale a pena. E, no cinema, também há algo para se comemorar, principalmente com a quebra da maldição das sequências: já não é incomum assistir a continuações superiores à primeira parte, embora este ano tenha trazido X-Men Origens: Wolverine, Transformers 2, Os Normais 2 e 13º Distrito: Ultimato (nas locadoras).

Na década de 2000, o Cinema passou a sofrer fortemente o impacto da pirataria, onde é possível encontrar os últimos lançamentos (incluindo aqueles que não chegaram na cidade) na calçada das ruas. Por isso, tal qual a tentativa do Cinema de resistir à ascensão da TV nos anos 50 investindo na produção de filmes épicos para aproveitar as dimensões da tela panorâmica, novamente há uma concentração na realização de filmes em formatos que aproveitem a exclusividade técnica de algumas salas, como os cinemas digitais, 3D ou Imax. Além disso, os estúdios passaram a investir em fórmulas e ideias já consagradas pelo público para fazer seus filmes, aumentando assim as chances de lucro. E veio a onda de continuações de sucessos, remakes e, claro, das adaptações de quadrinhos, consolidadas como um gênero cinematográfico. Do primeiro X-Men até Watchmen, nunca se investiu em tantos filmes baseados em hq's como nos últimos anos, provavelmente atingindo seu auge ano passado, como O Cavaleiro das Trevas. Foi a década em que o cinema nacional cresceu, a partir de Cidade de Deus. Cinema nacional além da Globo Filmes, embora não tenha como não reconhecer que seus filmes sejam os principais responsáveis pelo aumento do público nas salas para um longa-metragem brasileiro. Já entre as modas de filmes, os remakes de obras asiáticas de terror explodiram nos anos 2000, explorando maldições envolvendo crianças e tecnologias, começando por O Chamado. E, como é próprio das modas, um dia elas enchem: não é à toa que Uma Chamada Perdida, de 2008, está em segundo lugar na lista, embora seja muito pior que o primeiro colocado.

Sobre a lista dos piores, o gênero comédia predomina entre os escolhidos, sendo seguido por suspense/terror. Não é fácil fazer rir ou sentir tensão. São duas reações sentimentais muito marcantes, presentes nos momentos mais significativos da vida. Quando bem-sucedidas, elas se fixam na memória. Assim como as sessões de cinema que nunca se esquece. Talvez faça uma lista delas. Não para ser memorizada, claro. Apenas para cumprir o propósito das listas: ser pretexto e fornecer, sem se levar muito a sério, um pouco de referência para debate descontraído e memória. Principalmente memória. Afinal, o tempo passa.


2 comentários:

Repórter de Sandálias disse...

De fato, hj não é tão fácil rir ou sentir tensão ao assistir comédia ou terror. Não sei se isso é bom ou mau sinal, pois ou o público está ficando mais seleto e, por isso, mais exigente, ou a sétima arte não é mais como antigamente. Ando meio saudosista ultimamente, mas o que aconteceu com comédias como a dos "Três patetas" e terror como o "Nosferatu"??? Foram substituídos por absurdos q nem se quer merecem ser chamados de filmes como aquele "Uma comédia nada romântica", de cunho preconceituoso e totalmente apelativo, e qualquer uma das milhares de versões dos "Jogos mortais", q não precisa nem espremer para escorrer sangue...

Ps.: Não consegui acessar o link dos 100 piores... :0 (e nunca escrevi um parágrafo com tantos "ou", rsrsrs!!) Bjs

CrápulaMor disse...

Ah, eu gosto de todos esses. Sou fã de X-Men desde criança (apesar do filme do Wolverine, que de fato é ruim), procuro privilegiar as produções nacionais quando vou ao cinema (estes dias assisti ao trailer de Lula, o Filho do Brasil, fiquei bastante interessado), e me amarro em terror baseado em histórias japonesas (geralmente, as versões japonesas são melhores que as americanas).

Seguidores