Hábito

Palavras pessoais são esculpidas ou vomitadas. Caminhos difíceis pra mim, trilho por insistência. Falta jeito e vontade pra tentar outros meios. Assuntos não faltam, mas diante do teclado a tentação é fugir do óbvio. Como se escrever sobre a falta do que escrever fosse algo original. De fato, nem toda construção formulaica é ruim, mas não vale se acomodar. Tentar, experimentar, aprimorar. Mas isso não se faz apenas lendo, suponho. É necessário escrever. Ainda não costumo copiar outros textos, embora sugestões não faltem. E, nas últimas vezes quando a idéia de uma postagem me assalta, estou com o livro sobre o peito, o gelo no copo ou o controle na mão. Uma ironia risível: quanto mais leituras e experiências, menor a produção.

Possivelmente os próximos meses apresentarão mudanças mais significativas. Talvez reflita aqui. Mas no fim, mudando pouco ou muito, importa uma atitude mais coerente e respeitável da minha parte. Fazer um hábito. E vem aquela voz, de diferentes tons, me dizendo "você precisa relaxar mais", e ainda escuto "pare de reclamar". Outra hora me diz com censura graciosa "toma vergonha". E logo vem o complemento: "sem gelo".


2 comentários:

Anônimo disse...

Perfeitamente aceitável e compreensível isso.

E isso ataca todo mundo! :)

CrápulaMor disse...

Pra mim é mais fácil porque eu sempre falo sobre o mesmo assunto: política. No começo ainda ensaiava algumas coisas mais cotidianas, menos pretensiosas. Mas logo retorno para o meu habitat natural. Ao mesmo tempo em que me sinto preso e monotemático, percebo que não escolho o assunto, é o assunto que me escolhe. Só consigo escrever sobre aquilo que me toca, indigna ou revolta. Se eu tento ampliar meu repertório, perco a minha identidade. Né? O seu blog consegue ser muito mais diversificado e pessoal.

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