A frase "você não é mais criança" assusta. Não da boca pra fora, dita como sermão em flagra de doce escondido. Assusta quando a verdade cai no colo, sem ninguém precisar dizer, no máximo se aponta. Às vezes não se fala, apenas se ouve de nós mesmos o fato, a realidade, a situação. Ver mentiras no espelho serve como refúgio, mas a verdade sempre dá um jeito de lembrar: você não é mais criança.
Naturalmente as coisas não ficam mais fáceis por deixar pra trás a infância-adolescência. Pelo contrário. Erros continuarão vindo até o túmulo, mas eles pesarão mais. Pessoas serão afetadas por esses erros e irão responder, e os pais não poderão fazer nada, a não ser dar colo para as suas eternas crianças. Pessoas dependerão de erros e acertos para também errarem ou acertarem com outras pessoas. Pouca gente disposta a dar colo, muita gente disposta a cobrar responsabilidade. É justo dizer que há crueldade nisso?
Não demora a perceber que vai além da maioridade legal, de se ter carteira de motorista, de comprar bebidas alcóolicas e ir a danceterias e motéis. Vai além até de se pagar alguns custos próprios, como ônibus e cinema. Envolve fazer planos, sacrifícios e reservas até chegar onde se gosta e ter liberdade nisso (dinheiro e credibilidade). Dizer "dane-se" para o mundo é fácil. O mesmo não pode ser dito do estágio onde o mundo pode dizer tranqüilamente "dane-se" de volta. Não só dizer: fazer também.
Mágoas e outras frustrações sentimentais nunca serão exclusivas da adolescência, como se idosos também não pudessem ficar confusos sobre os próprios sentimentos. É humano, é assim. Mas não se pode sempre usar a juventude como desculpa para auto-piedade, nem o passar dos anos como única base para a amargura. Inocência e sensibilidade não são a mesma coisa. Não é exatamente fácil reconhecer o momento do silêncio, do desabafo, da raiva e da recuperação. Mas insistir em apenas em um deles não é somente infantil. É imaturo. E imaturidade, para quem se percebe adulto, deveria vir em momentos, não em temporadas.
Não há crianças eternas como no Sítio do Pica-Pau Amarelo. Terra do Nunca só nos livros, e ainda assim a Wendy cresce. Fácil demais falar... mas o reconhecimento de que à medida que se cresce se tem mais responsabilidade já é um passo. O que não impede recaídas. É a vida, na ignorância assumida ou na liberdade suada.
Mágoas e outras frustrações sentimentais nunca serão exclusivas da adolescência, como se idosos também não pudessem ficar confusos sobre os próprios sentimentos. É humano, é assim. Mas não se pode sempre usar a juventude como desculpa para auto-piedade, nem o passar dos anos como única base para a amargura. Inocência e sensibilidade não são a mesma coisa. Não é exatamente fácil reconhecer o momento do silêncio, do desabafo, da raiva e da recuperação. Mas insistir em apenas em um deles não é somente infantil. É imaturo. E imaturidade, para quem se percebe adulto, deveria vir em momentos, não em temporadas.
Não há crianças eternas como no Sítio do Pica-Pau Amarelo. Terra do Nunca só nos livros, e ainda assim a Wendy cresce. Fácil demais falar... mas o reconhecimento de que à medida que se cresce se tem mais responsabilidade já é um passo. O que não impede recaídas. É a vida, na ignorância assumida ou na liberdade suada.
Um comentário:
Ah, nem me fala! Às vezes, do absoluto nada, cai a ficha de que eu já estou formado (FORMADO!) e tô aqui, nessa de "me preparando para tentar um mestrado". E sempre tem aquele amigo - ou suposto amigo - que faz questão de demonstrar como é importante escolher uma área que dá dinheiro. A gente sempre reclama, pra depois aprender que éramos felizes sem saber. E aprendemos do jeito mais difícil... A pressão, as cobranças, as expectativas, as responsabilidades, inexoravelmente, aumentam. A gente vai amadurecendo e melhorando, é. Mas, como você falou, isso não significa que deixamos de errar. Acho até que parte da maturidade está em perceber que o tempo não traz fórmula mágica... Vamos buscar esse equilíbrio fugidio entre segurança financeira e satisfação pessoal, entre respeitar os nossos sonhos e atender expectativas, entre nos adequarmos às regras do jogo e preservar as nossas convicções. A gente é novo. Acho que ainda dá!
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