Natural

Gostaria de não pensar mais nisso. Não adianta. Pelo menos não pensar nos motivos para raciocinar de forma tão crítica em momentos inapropriados. Ser desta forma já não é fácil. Pensar no porquê desta forma é filosofia demais. Não muda nada, só apura o julgamento e empurra tudo em direção ao mal-estar. Descendo a rua, milhares de pessoas usando branco, palcos armados, diferentes tipos de música, bebidas e o clima de alegria, principalmente quando sentia ela apertar a minha mão, sorrindo. Eu sorria de volta. Sentia o frio nas costas e lembrava da garrafa na bolsa.

Era um sorriso sincero. A mesma sinceridade veio quando diminuí o passo e olhei as pessoas, a areia, o mar e as luzes dos navios ancorados não muito longe da costa. Estávamos num ponto mais alto e isso facilitou o isolamento da minha visão. E veio a dúvida. Não sabia se eu me encaixava ali. Investi dinheiro, tempo e energia para estar naquele lugar. Lembrando dos acontecimentos do ano, sempre a sensação de ainda faltar muita coisa. Todos os atos estúpidos e ingênuos cometidos e eu determinado a não repetí-los no próximo ano, mesmo sabendo que eles virão, mais suaves ou piores. A mesma visão buscando erros e mais erros diante daquela multidão branca é a mesma quando vê o texto no computador ou se olha no espelho. A satisfação nunca presente. Todas as trevas e imbecilidades atravessando a mente em milésimos de segundos.

O puxão repentino me fez curvar pra baixo. Perto da boca. Um sussuro, uma sentença, um sorriso. Entreguei os pontos. Não apenas por ela e pela ocasião, como já aconteceu outras vezes. Esses momentos são importantes. Algo diferente desta vez, por mim. Não adianta. É natural. Desanimo rápido, mas não desisto fácil. Não é a meia-noite que mudará isso. Sou assim. Não vou mudar fácil. E não vou ser o mesmo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Acho que eu sei como é essa sensação.
Que bom que tu pelo menos teve um puxão. :)

Lady Sarajevo disse...

Pareceu meio profético esse final... e que isso é meio legal é!

thiago hakai-so disse...

Sempre precisamos de puxões meu amigo! É bom poder contar com outra pessoa pra dá-los! Parabéns a vocês! Bom ano e bons puxões pra você!

Srta. JATENE, Íris disse...

"Por que dessa vez será diferente?"
"E por que não será?"
Acho que sou muito esperançosa mesmo... Sabe? Enquanto eu acreditar, vou continuar caindo no mesmo erro sim, mas também (e principalmente) vou insistir nos "puxões". Porque eu sei que VALERÃO A PENA! Sempre!

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