Devia ter percebido antes. Outubro não vai ser um mês fácil. Menos paciência, mais impulsividade. Horas de sono mais intranqüilas, principalmente quando a manhã se aproxima. A mente buscando analisar cada carta que compõe o castelo de princípios e regras do próprio comportamento, soprando suavemente os primeiros andares e, às vezes, balançando os dedos perto da base. A velha pergunta. Ausência de religião, descrença na humanidade, tendência genética, transtorno mental, traumas despercebidos, comportamento inadequado, resistência em transformar tolerância em integração, medo de errar (de novo), medo de acertar, frescura mesmo... a opção é uma e os erros são de todas. "Por quê?".
E o diabo é que uma música no rádio e um filme consigam mudar tudo isso. E a nada surpreendente (e estupidamente irritante) conclusão de que é melhor o espírito ser essa montanha-russa do que andar em linha reta. Assim nada supera a sensação de quando se tem a certeza de que se está fazendo o certo, sem questionar moral nem ganhos para qualquer referência.
"Exilados". Filme policial. Não gostei muito. Mas há trechos memoráveis, desses onde o filme é mais cúmplice do que culpado pelo sentimento do espectador (aviso spoiler: vou revelar trechos do filme). O quarteto protagonista, depois de uma sucessão de erros e má sorte, decide tirar no cara-ou-coroa o rumo dos seus próximos movimentos. E mesmo seguindo os passos da moeda, chegam onde provavelmente teriam chegado caso a decisão fosse de vontade própria. Mas provavelmente teriam sofrido mais. Quando a sorte parece abrir sorriso e braços, surge mais uma decisão a se fazer. A mais difícil de todo o filme. O líder do quarteto pede a moeda e se livra dela. E partem para resolver a questão, tranqüilos por saberem o que fazer, ainda que a solução seja trágica para todos.
Já ouvi que sorte é talento. Um argumento bom pro ego. Pra mim é só acaso. Se um dia eu acreditar em algo além de coincidências, talvez mude de idéia. Até lá, a sensação de contagem regressiva aumenta. E, curiosamente, aumenta também a certeza de que as coisas estão mudando num ritmo que até agora só eu percebo. Não é sorte.
Um comentário:
"Assim nada supera a sensação de quando se tem a certeza de que se está fazendo o certo, sem questionar moral nem ganhos para qualquer referência."
enquando todo o mundo me diz não, me nega as minhas próprias idéias, eu li isso e pronto! eu tô fazendo o certo, e tipo, que se dane o resto! rs
obrigada! :)
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