Após dias sem ler blogs que acompanho, eis o seguinte trecho do texto publicado dia 18 de abril na Ilustrada no Cinema:
“A emoção maior acontece quando mil pessoas estão sentadas no escuro, olhando a mesma cena, e todas apreendem algo que não está sendo dito. Esta é a grande vibração, o milagre _o que nos prende aos filmes para sempre. É o que gostaríamos de poder fazer na vida real. Todos vendo algo e compreendendo juntos, sem que ninguém tenha que dizer uma palavra. Aí está uma boa razão para que o melhor som que uma plateia possa fazer _tanto no teatro quanto no cinema_ é som nenhum, apenas o silêncio absoluto”.
Palavras do diretor Mike Nichols em matéria do New York Times. Nichols dirigiu "A Primeira Noite de um Homem", "Closer", entre outros. Seu filme mais recente foi "Jogos de Poder". Closer teve impacto sobre mim, assisti duas vezes no cinema e desde então não vi mais, embora lembre claramente de suas cenas e diálogos. O silêncio elogiado por Nichols está lá, mas o filme é adaptado de uma peça teatral e, portanto, os diálogos são sua força, tão ou mais expositivos da intimidade que uma cena de nudez ou sexo.
Mas meu objetivo não é falar sobre Closer. É tentar expressar o quanto a declaração de Nichols me comove. Tentativa desde já falha; explicar o valor do silêncio através de palavras não dá bom resultado. Nichols se saiu muito bem. Aproveito o seu discurso. Diálogos são importantes, mas antes de tudo o Cinema deve contar sua história através de imagens. Nossas memórias mais importantes também descansam em imagens, creio. Não é possível esquecer as palavras. Todo estudante de Comunicação precisa trabalhar com isso. E eu preciso me expressar mais e melhor, sair do mutismo da ansiedade e do fastio, principalmente a partir do próximo mês. Exigirá esforço.
Mas sempre vale lembrar de momentos em que silêncio não significa falta de opção. Apenas ser o suficiente.

"É o que gostaríamos de poder fazer na vida real. Todos vendo algo e compreendendo juntos, sem que ninguém tenha que dizer uma palavra"
2 comentários:
Aliás, bela escolha de imagem para ilustrar as palavras do seu argumento. Imagens podem ser extremamente férteis, sem utilizar uma única palavra.
Realmente a tua escolha na imagem foi bem acertada. E uma vez um amigo meu, que adora cinema, me disse que achava lindo ver as pessoas se entenderem numa sala de cinema sem dar uma palavra. É aquele silêncio que esclarece, que não incomoda e que deixa todo mundo igual. Eu concordo com ele e depois de ler isso aqui, acho que tu também deves concordar. :)
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