Semelhança

Nota: o texto deveria ter sido postado ontem. Imprevistos, não quis mudar, ficou pra hoje.

Há poucos dias morreram os atores Brad Renfro (a criança de "O Cliente", vítima de overdose de drogas no dia 15, estava com 25 anos) e Luiz Carlos Tourinho (rosto conhecido do humor na Globo, seu aneurisma cerebral rompeu no dia 21, estava com 43 anos). Nunca chamaram a minha atenção antes, é fato. Mas duas mortes repentinas de atores famosos em menos de uma semana não se ignora facilmente.

Depois de ouvir que "o novo Coringa morreu" e confirmar a notícia na internet, a supresa foi forte. Queria falar com alguém que, assim como eu, alimentava a expectativa de ver o Heath Ledger atuando no próximo filme do Batman. Falei com um dos lisos e ele, após me perguntar (e também perguntando a si mesmo) o que deve ter provocado a morte do Ledger, disse que era quase como "um marketing bizarro".

Nem eu e nem ninguém que conheço dava bola para os papéis ou filmes do Ledger até ele ser confirmado para o papel de Coringa em "The Dark Knight". Protestos ridículos pela escolha, principalmente depois dele ter interpretado (com talento reconhecido) o cowboy homossexual de "Brokeback Mountain". Vieram as fotos promocionais e o trailer e o novo Coringa ganhou respeito. Psicopata e insano, tão extravagante quanto perigoso. Todos aguardavam ansiosos o resultado final, sabendo que tanto a recompensa quanto a frustração podem vir em medidas generosas. Geralmente, a tendência é negativa. Mas o que seria da vida se o cinema, a tv, a literatura e outras artes não criassem essa vontade de se ver reconhecido ou de se evadir figurativamente em uma obra?

Os motivos da expectativa para o novo Coringa vão além do fato dele ser antagonista de um provável sucesso de bilheteria, seqüência de um filme que revitalizou nas telas um personagem icônico dos quadrinhos (o alcance que o reconhecimento do símbolo do morcego possui só é comparável ao S do Superman). Batman é um personagem desequilibrado e seus inimigos não ficam atrás. A maioria deles é reflexo de conflitos comuns a muitas pessoas consideradas normais. Claro que tais conflitos são elevados a uma potência muito maior e podem ser retratados de forma exagerada, mas têm fundo na mente humana. Como já escreveu o Alan Moore em A Piada Mortal, "só é preciso um dia ruim para reduzir o mais são dos homens a um lunático". E ele estava se referindo ao Coringa. Ledger, que contava 28 anos de idade, disse que as filmagens do "The Dark Knight" o deixaram exausto a ponto de atrapalhar seu sono, por isso ele começou a tomar o remédio que supostamente o matou ontem (ainda não há conclusões). Semelhança trágica.

Resta conferir nos cinemas se Heath Ledger fez um bom trabalho. E lembrar que, além de cinema e quadrinhos buscarem grandes histórias na realidade humana mesmo com um enredo fantástico, a melhor lembrança de que a vida é real é sua efemeridade. Esteja no fundo como Brad Renfro ou auge como Heath Ledger, um dia ela acaba.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu também fiquei meio chocada, quando eu soube que ele tinha 28 anos, eu pensei: "Caramba, como pode??"
É triste isso! E só pra constar eu li hoje no jornal uma matéria só falando do Heath, que ele era o novo maior ator australiano, e pelo que eu vi em O segredo de Brokeback Mountain, eu apostaria que sim!

CrápulaMor disse...

Sabe que, de todas essas, a morte que eu mais senti foi a do Luiz Carlos Tourinho. Tão engraçado, carismático, novo! O caso do Heath também é incrível, mas parece algo mais distante. E o toda essa glamurização adolescente sobre a morte dele me faz menos solidário. Horrível, eu sei!

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Lady Sarajevo disse...

esse coringa mesmo...
acho que ele passa de um personagem de quadrinho ou filme, esse coringa existe e se mostra todo dia!
seria Ledger uma prova disso?

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