Códigos

Encontrei um amigo que, apesar dos momentos ruins servindo à marinha, continua sereno e bem-humorado. Respeito e admiro muito essa atitude, muito mesmo. Perguntando sobre o que estava fazendo, confirmei (mais uma vez) algo do qual já suspeitava: o treino de uma arte marcial era o refúgio e o equilíbrio que ele encontrou pra continuar com paciência e determinação cada vez maiores mesmo no meio de tantos problemas.


Ficou claro também que ele não tem pretensões de se tornar um monge eremita ou o homem mais feliz do mundo através da meditação, vegetarianismo, jardinagem e afins. Contou piadas, falou algumas besteiras, reclamou de oficiais e comentou sobre as mulheres bonitas que passavam pela gente ("diria que essa é pra casar... mas só na hora mesmo").


Conversamos. Quando soube de alguns problemas meus e de uns erros que cometi, falou em tom de brincadeira que preciso fazer kung-fu (esqueci o nome do estilo). Por mais que admire, ainda não me sinto atraído pela idéia de treino físico e mental tão rigoroso a ponto, por exemplo, de segurar um carvão em chamas para poder atingir uma graduação maior. Ele disse que os melhores alunos não se queimam nesse processo, tamanha é a concentração deles.


Mas entendi. A idéia mesmo era pra eu arranjar alguma coisa que me causasse tranqüilidade, melhorias físicas e mentais e, por fim, me permitisse pensar duas vezes antes de tomar uma atitude idiota. Já havia pensando nisso, mas sempre é bom ouvir de alguém confiável uma conclusão própria.


Durante o retorno, pensei sobre o que fazer pra arranjar esse equilíbrio enquanto me martirizava merecidamente pelos meus enganos, erros estúpidos não apenas pela sua execução, mas principalmente pela repetição. Humano, eu sei. E justamente por isso tão idiota, reconhecendo a própria mediocridade e não se orgulhando dela. Um exercício regular será bem-vindo, se eu for capaz de incorporá-lo.


Posso ter imaginado um equilíbrio a se manter entre impulsos e meditações, um horizonte para guiar cada vez mais perto da felicidade ou um código que permita ser fiel a si mesmo sem se desligar do mundo. Mas esqueci deles pouco depois de pegar as malas da esteira.

"Ânimo, Igor!", ouvindo essa frase dela, com toda a ironia, advertência e carinho que ela carregou, após dias de saudade, eu me desequilibrei internamente. Deve ter sido um dos vários efeitos que senti quando recebi o abraço, enquanto me permitia atingir cada horizonte do mundo sem lembrar que ele existe.


Humano, eu diria. Tolo em sua felicidade, contraditório em sua essência, ciente de suas falhas, defendidas e melhoradas até o fim. Cada beijo recebido, cada toque das mãos, cada sorriso aberto. Sem orgulho, sem remorsos, até a próxima queda, até o próximo código.

2 comentários:

Anônimo disse...

esses dias, eu escutei essa mesma frase: "Ânimo, Lorena!"
to até agora criando esse tal ânimo, uma droga só! :)

ânimo a nós!

Anônimo disse...

pois é, Igor!
tinha alguma coisa sobre o Lobão, mas eu olhei pro post e pensei: 'não, vou apagar.'
sabe?
enfim...mas pro show, eu continuo querendo ir. rs

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